sábado, julho 29, 2006

Os tempos não mudaram. Mas haverá, um dia, mudanças? - Arthur Dazzani


Os tempos não mudaram e as pessoas continuam a não se emocionar como deveriam. Nem se tocam mais com as mazelas que teimam em querer mostrar as suas caras todos os dias, a cada sinal de trânsito, a cada reportagem de TV, e em lugares que nem imaginamos que possa haver gente como nós, que sofre por não ter ninguém com quem dividir suas angústias, ou simplesmente um pequeno grão de arroz para desfrutar.
E nós, intelectuais “metidos à besta”, fingimos que essas coisas não são com a gente. Porque prestar atenção a tudo isso nos obrigaria a ter que mudar o nosso dia a dia, a transformar sentimentos encapuzados em verdade nua e crua. Essa é a vida que querem nos empurrar e nos ensinar a viver.
É verdade que nos põem para chorar nos cinemas, com cenas “roliudianas” (assim mesmo, tal qual pronunciada), feitas com receita pré-definida, para que possamos dizer que temos sentimentos, que somos um tanto sensíveis.
Cheguei à conclusão que, se nada for feito, formaremos uma legião de covardes, que não suporta que o óbvio lhe pareça como ele é, sem as maquiagens produzidas pelos telejornais, sem o sensacionalismo pra vender ibope.
Mas aí temos os recursos paliativos: uma esmola aqui, outra acolá, uma cesta básica no Natal, um resto de comida do McDonald’s, uma caixinha pra ajudar o porteiro, um resto de pão dormido para empregada levar para casa; um ato isolado pra enganar nosso (in) consciente. Enfim, a sociedade elitista, vestida de soberba, usa de hipocrisias para dizer que “faz a sua parte”, que divide um pouco o que tem. Mas felizmente muitas coisas continuam incomodando àqueles que não suportam a dura realidade. E eu sou um deles!

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