sábado, julho 29, 2006

Milho de Pipoca - Autor Desconhecido

A transformação do milho duro em pipoca macia é o símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que venham a ser o que realmente deveriam ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho de pipoca é parecido conosco: duros, quebra-dentes, difíceis de digerir.

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca eternamente. Assim acontece conosco. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito que há.

Mas, de repente, vem o fogo... O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos e não estamos preparados: a dor, por exemplo. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: ter pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo. Sem o fogo, o sofrimento diminui, e com isso diminui também a possibilidade da grande transformação.
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Fico imaginando a pobre pipoca, fechada dentro da panela... Lá dentro a coisa vai ficando cada vez mais quente, e ela pensa, em algum momento, que sua hora chegou... Vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo do que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUMMM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado.

“Piruá” é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas de ser e agir. As suas presunções e a falta de coragem representam a dura casca que não estoura. O destino delas é triste: ficarão inquebráveis e duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém, nem para elas mesmas.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela sobram apenas os “piruás”, que não servem para nada. Seu destino é o esquecimento, o conformismo e a eterna rotina.

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