sábado, julho 29, 2006

Soneto da Separação - Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma.
E das bocas unidas fez-se a espuma.
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama.
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
.
De repente, não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
.
Fez-se do amigo próximo o distante.
Fez-se da vida uma aventura errante.
De repente, não mais que de repente.

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